quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Olhos de Capitu...



"Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me (Dom Casmurro. p 843)."
Capitu tinha os olhos de ressaca... Olhos de cigana, dissimulada. Olhos que penetram na alma e que vão fundo no corção de Bentinho. Casmurro em suas concepções e pensamentos visualizou em sua amada um olhar no qual não poderia decifrar e por medo, insegurança ou atração.

Nesta série de trabalhos foi buscada a inspiração em Machado de Assis em uma de suas famosas máximas quando fala sobre os olhos de Capitu que segundo Machado eram de uma cigana e dissimulada. Claro que não serão reproduzidos estes olhos apenas, mas serão destacados os olhos e diversos olhares que as imagens podem trazer e transmitir. Afinal, os olhos são as janelas da alma.

Durante alguns períodos da história da arte pode-se perceber que os olhos são marcados tem uma representação destacada. Os egípicios, por exemplo, retratavam suas figuras com os olhos voltados para frente mesmo que as imagens estivessem de perfil. Na arte Paleocristã o olhar das pinturas se mostravam severos e no Renascimento pareciam realmente reais. Na fotografia muitos autores dão estaque para os olhos e olhares e por tudo isso este tema foi escolhido.

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